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“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”
(Mateus 7:21)
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”
(Mateus 7:21)
O que é a agressividade? Quais as suas formas de expressão? Existe a agressividade oculta? Por que um indivíduo é agressivo? Qual a sua causa fundamental, segundo os postulados espíritas? É possível educá-la? Como conseguir o abrandamento dos impulsos agressivos?
Entre os grandes desafios sociais destaca-se o dos relacionamentos entre os indivíduos.
Essencial para uma existência harmônica, a maneira de conviver com o próximo define os rumos saudáveis para a execução das atividades que devem ser desenvolvidas durante a jornada terrestre.
A forma gentil de comunicar-se propicia um agradável clima de alegria e de bem-estar, tornando-se cada vez mais aprazível, a fim de que o êxito se instale nos empreendimentos encetados.
Uma pessoa de temperamento irascível, instável e agressivo, sempre defrontará dificuldades para conseguir amizades duradouras, portadoras de enriquecimento emocional e espiritual, porquanto as mudanças de conduta gerarão inamistosas reações naqueles com os quais convive.
(...) Essa pessoa de difícil convivência é sempre orgulhosa, acreditando possuir os meios próprios para impor a sua vontade até o momento que defronta outros do mesmo ou pior quilate com os quais entra em luta infeliz, num campeonato injustificável de insensatez.
Embora essa aparência ríspida e agressiva, oculta demasiadas aflições internas que teme sejam descobertas, o que a humilharia, levando-a a situação deplorável.
(...) A sua enfermidade espiritual á mais grave do que se pensa, tornando-se cada vez mais inquietadora.
(...) Sem dúvida, necessita de ajuda psicológica e de tratamento espiritual em razão dos hábitos malsãos que se lhe instalaram em reencarnações transatas.
Incapaz de gerenciar conflitos, quase sempre nega-se a receber o socorro especializado, que lhe facultaria uma existência menos problemática.
(...) Quando te sintas envolto por pessoas portadoras desses conflitos, que buscam relacionar-te contigo, evita qualquer tipo de apego, mantendo-se fraterno e amigo, sem que te deixes dominar pelos seus caprichos.
Se te deparas envolvido emocionalmente com alguém que apresenta esse distúrbio de comportamento, insiste para que receba tratamento conveniente quanto antes.
À medida que o tempo transcorre e a comunhão se torna mais íntima, o indivíduo, havendo perdido o respeito por si mesmo, passa a desconsiderar a pessoa ao seu lado, agredindo-a, malsinando-lhe a existência, atormentando-a seguidamente.
Ama sempre, mas não te permitas relacionamentos conflituosos sob a justificativa de que tem a missão de salvar o outro, porque ninguém é capaz de tornar feliz aquele que a si mesmo se recusa a alegria de ser pleno. [1]
A agressividade trata-se de uma forma de desequilíbrio que uma pessoa manifesta contra outras criaturas – humana ou animal –, contra a natureza ou contra qualquer coisa ou objeto, com o intuito de humilhar, prejudicar ou destruir.
O agressivo é, portanto, aquele que, diante das ofensas, contrariedades ou perdas, exageradamente se enfurece, não conseguindo controlar os próprios impulsos. E tais ímpetos podem expressar-se tanto através de ataques físicos, como também na contínua necessidade de manipular outras pessoas, no assédio ofensivo e insultuoso, na forma arrogante de se comportar, na maneira irônica de se comunicar, na indiferença para com os sentimentos alheios, nas constantes exigências que faz, na omissão de ajuda...
Muitos acreditam que a pessoa não agressiva é aquela “boazinha”, “incapaz de fazer mal a uma mosca”. Nesse caso, a agressividade estaria sendo avaliada exclusivamente pelo comportamento manifesto do indivíduo. Mas existem criaturas aparentemente tranquilas, que ocultam sentimentos de hostilidade, porque seus pensamentos encontram-se contaminados pela raiva, vingança, inveja ou pelos ressentimentos, ódio e ciúme. Na prática, existe uma forma de agressividade que se mantém oculta no íntimo de cada um, e outra que se exprime na realização de maus atos. Há agressividade, por exemplo, no uso de uma palavra suave, mas que está insinuando algum tipo de aversão. Quando, por exemplo, nos sentimos separados de outras pessoas pelo preconceito, pela nacionalidade ou religião, pela situação econômica e social, estamos, de fato, demonstrando uma forma oculta de agressividade. Outras vezes, nos comovemos com as agressões que ocorrem com os nossos semelhantes, mas alegramo-nos, intimamente, quando os malfeitores são severamente punidos. Ou seja, a agressividade não se caracteriza unicamente pela humilhação, constrangimento ou destruição do outro.
Em razão de a agressividade se manifestar já nos primeiros dias da vida infantil, a educação e os mecanismos da tradição social buscam sua disciplina, com o intuito de criar hábitos salutares na criança, corrigindo-lhe o comportamento. Assim, desde pequeno, o ser humano aprende a reprimir e a não expressá-la de modo descontrolado, através do processo de socialização, no qual, espera-se que, a partir de vínculos significativos que estabeleça com os outros, ele passe a internalizar esses controles. Então, deixa de ser necessário o controle externo, pois os controles já fazem parte de sua personalidade.
Todavia, a presença do comportamento agressivo continua aumentando em nossa sociedade. Há quem defenda a ideia de que as dificuldades econômicas e sociais seriam as grandes responsáveis por esse crescimento, e justificam-no afirmando que, aqueles que se encontram segregados nas prisões, em sua maioria, foram levados a apelarem para a violência porque não tiveram oportunidades para prover a própria sobrevivência. Podemos afirmar que as más condições de vida têm sua influência, mas não devem ser consideradas de forma preponderante. E, em decorrência dessa realidade, as pessoas vivem atormentadas pelo medo de assaltos, de roubos, de maldades, de sequestros, enfim, medo do próprio homem.
A contínua exposição a comportamentos hostis por meio da mídia também tem sido apontado como fator de grande relevância para o intensificar desse impulso inato. Crianças pequenas geralmente imitam a agressão observada, porque as pessoas na TV e nos videogames são associadas com modelos de adultos. Na sua imaturidade, os pequenos acreditam que tal ação de violência é justificada porque “gente grande” a está cometendo. Esse seria, então, o modo mais acertado de fazer com que “o bem prevalecesse sobre o mal”.
Outros, entretanto, atribuem tais dificuldades à condição do planeta em que vivemos, um mundo de expiações e de provações. Na realidade, se a Terra ainda carrega grande cota de agressividade em suas mais variadas modalidades, é porque os seres humanos que nela habitam são imperfeitos. Nesse sentido, o espírito Emmanuel comenta:
O mal, portanto, não é essencialmente do mundo, mas das criaturas que o habitam.
A Terra, em si, sempre foi boa. De sua lama brotam lírios de delicado aroma, sua natureza maternal é repositório de maravilhosos milagres que se repetem todos os dias.
De nada vale partirmos do planeta, quando nossos males não foram exterminados convenientemente. Em tais circunstâncias, assemelhamo-nos aos portadores humanos das chamadas moléstias incuráveis. Podemos trocar de residência; todavia, a mudança é quase nada se as feridas nos acompanham. Faz-se preciso, pois, embelezar o mundo e aprimorá-lo, combatendo o mal que está em nós. [2]
***
Seguindo a linha de raciocínio registrada por Emmanuel, por que uma pessoa é agressiva?
Comumente justificamos nossos desequilíbrios com as alegações de que nos encontramos cercados de pessoas de difícil convivência, que enfrentamos problemas de grande gravidade, que nossa família é complicada, que os vizinhos são inquietos, que, em nosso trabalho, o nível de competitividade e de exigência é extremamente elevado, que constantemente temos de nos deparar com as mais diversas perturbações...
Dessa forma, sempre que nos sentimos agredidos ou violados em nossos desejos e direitos, tendemos a bloquear nossa capacidade de raciocínio, reagindo ao estímulo externo de maneira instintiva e agressiva.
Mas, se somos criaturas racionais, por que não conseguimos controlar a própria revolta e fúria, fazendo mais uso do instinto do que da razão no trato com os semelhantes? Por que muitos praticam mais o mal, mesmo que o retorno dessa ação lhes traga grande sofrimento? A resposta encontra-se na conjuntura espiritual de cada indivíduo, ou seja, o ser humano falha em face de sua imperfeição moral e de sua ignorância espiritual.
Na obra O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo, Allan Kardec alega: “O bem e o mal que se faz são o produto das boas e das más qualidades que se possui. Não fazer o bem que se poderia fazer é, pois, o resultado de uma imperfeição.” [3]
Contudo, em O Evangelho segundo o Espiritismo, o codificador registra a mensagem de um Espírito protetor, na qual este pondera sobre as causas do comportamento colérico:
O orgulho leva a vos crer mais do que sois; a não poder sofrer uma comparação que possa vos rebaixar; a vos considerar, ao contrário, de tal modo acima dos vossos irmãos, seja como espírito, seja como posição social, seja mesmo como superioridade pessoal, que o menor paralelo vos irrita e vos fere; e o que ocorre então? Entregai-vos à cólera.
Procurais a origem desses acessos de demência passageira que vos assemelham aos animais, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; procurais e encontrareis, quase sempre, por base, o orgulho ferido. Não é orgulho ferido, por uma contradição, que vos faz rejeitar as observações justas, que vos faz repelir com cólera os mais sábios conselhos? As próprias impaciências que causam as contrariedades, frequentemente pueris, prendem-se à importância que se atribui à própria personalidade diante da qual se crê que tudo deve se dobrar.
Em seu frenesi, o homem colérico ataca a tudo: a natureza bruta, os objetos inanimados, que quebra, porque não lhe obedecem. Ah! Se nesses momentos pudesse se ver com sangue-frio, teria medo de si, ou se acharia ridículo! Que julgue por si a impressão que deve produzir sobre os outros. Quando não fosse senão por respeito a si mesmo, deveria esforçar-se por vencer uma tendência que faz dele objeto de piedade.
Se imaginasse que a cólera não resolve nada, altera sua saúde, compromete-lhe a vida, veria que é sua primeira vítima; mas uma outra consideração deveria, sobretudo, detê-lo: o pensamento de que torna infelizes todos aqueles que o cercam; se tem coração, não terá remorso em fazer sofrer os seres que mais ama? E que desgosto mortal se, num acesso desatinado, cometesse um ato de que tivesse que se censurar por toda a sua vida!
Em suma, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede de fazer muito bem, e pode levar a fazer muito mal; isso deve bastar para motivar esforços por dominá-la. O espírita, por outro lado, é solicitado por um outro motivo: ela é contrária à caridade e à humildade cristãs. [4]
***
Em conformidade com os postulados espíritas, temos que a causa fundamental da agressividade reside no pensamento, atributo da alma imortal. As almas elevadas elaboram pensamentos sublimados, altruístas, de bondade e de solidariedade humana. As almas que ainda se encontram em faixas mais atrasadas de evolução, produzem pensamentos voltados para o mal, para a dor e o sofrimento.
O Salmo 34, em seu versículo 14, sugere: “Aparta-te do mal e pratica o que é bom; procura a paz e empenha-te em alcançá-la” [5]
Para o abrandamento das tendências agressivas torna-se imprescindível o aprendizado da vivência dos pensamentos de paz, para que a expressão de nossos pontos de vista e necessidades ocorra de forma clara e pacífica. O processo de autocontrole consiste, portanto, na administração do próprio temperamento e na prática da tolerância, aquela mesma que sempre esperamos que os outros nos dediquem quando erramos, quando nos equivocamos.
Assim, em cada situação complexa, em cada momento de nosso cotidiano, esforcemo-nos por agir mais brandamente, concentrando-nos no equilíbrio que precisamos desenvolver. Que procuremos, desse modo, começar o dia visualizando-o da maneira que gostaríamos que ele transcorresse. Vejamo-nos lidando com cada uma das responsabilidades de maneira tranquila e eficaz. No entanto, confiemos que, mesmo que os resultados esperados não se mostrem imediatamente, eles, mais cedo ou mais tarde, ocorrerão. Vejamo-nos, durante o dia, com um sorriso no rosto e com o coração alegre. Imaginemos que as outras pessoas reagirão às nossas disposições internas da mesma forma! Se, porventura, durante os nossos intercâmbios pessoais, acontecer algo que provoque nossa raiva ou nosso medo, oremos imediatamente, solicitando aos amigos espirituais o devido suporte emocional e espiritual. De suma importância, portanto, não acrescentarmos um só pensamento, palavra ou ato a uma situação de conflito. Que tenhamos no íntimo o firme propósito de banir qualquer impulso agressivo, exercitando, para isso, os sentimentos de solidariedade e de respeito para com todas as criaturas, para com a natureza e para com o mundo material que nos rodeia.
Na obra O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo, Allan Kardec cita:
O Espírito sofre pelo próprio mal que ele fez, de maneira que, estando a sua atenção incessantemente centrada sobre as consequências desse mal, compreende melhor os seus inconvenientes e está estimulado a dele se corrigir. [6]
O caminho mais eficaz para o controle da agressividade é o da educação íntima. A busca de conhecimentos para o superior entendimento da própria personalidade, bem como o cultivo da religiosidade e da espiritualidade visam um melhor direcionamento dos ímpetos e impulsos e uma maior conscientização de nossas responsabilidades perante a existência.
Com os postulados espíritas, temos que a educação moral-espiritual se destaca, pois seu principal objetivo é o aprimoramento do espírito por meio da conquista de níveis mais elevados de consciência. É, assim, a educação que promove a reforma íntima, porque melhor nos esclarece quanto à nossa realidade imperecível.
Ressaltando a importância da educação íntima como trabalho a ser realizado por cada indivíduo, em seu aprendizado diário, o espírito Joannes enfatiza:
Nada mais comum nas atividades terrenas do que o hábito enraizado das querelas, dos desentendimentos, das chateações.
Nada mais corriqueiro entre os humanos indivíduos.
Como um campo de meninos, onde cada gesto, cada nota, cada menção se torna um bom motivo para contendas e mal-entendidos, também na sociedade dos adultos o mesmo fenômeno ocorre.
Mais do que compreensível é que você, semelhante a um menino de “pavio curto”, libere adrenalina nos episódios cotidianos que desafiem a sua estabilidade emocional.
Compreensível que se agite, que se irrite, que alteie a voz, que afivele ao rosto expressões de diversos e feios matizes.
Em virtude do nível do seu mundo íntimo, tudo é passível de ocorrer.
Contudo, você não veio à Terra para fixar deficiências, mas para tratá-las, angariando saúde.
Você não se acha no mundo para submeter-se aos impulsos irracionais, mas para fazê-los amadurecer para os campos da lúcida razão.
Você não teve acesso ao planeta para se deixar levar pelo destempero, pela irritação, desarticuladora do equilíbrio, mas tem você o dever de educar-se, porque tem na pauta de sua vida o compromisso de cooperar com Deus, à medida que cresça, que amadureça, que se enobreça.
(...) Assim, observe-se, mais; conheça-se no aprendizado do bem, um pouco mais, esforce-se mais por melhorar-se; resista um pouco mais aos impulsos da fera que ainda ronda as suas experiências íntimas; acerque-se um pouco mais dos Guardiães que o amparam.
Perante as perturbações alheias, aprenda a analisar e não repetir.
Diante da insurreição de alguém, analise e retire a lição para que não faça o mesmo.
Notando a explosão violenta de alguém, reflita nas conseqüências danosas, a fim de não o imitar.
Cada esforço que você fizer por emendar-se, por educar-se, será secundado pela ajuda de luminosos Imortais que estão, em todo tempo, investindo no seu progresso, para que, pouco a pouco, mas sempre, você se alcandore e se ilumine, fazendo-se vitorioso cooperador com a Divindade, tendo superado a si mesmo, transformando suas noites morais em radiosas manhãs de perene formosura. [7]
***
Resposta branda aplaca a ira, palavra ferina atiça a cólera. [8]
O homem prudente é lento para a ira; e se honra em ignorar uma ofensa. [8]
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. [9]
Em nosso viver diário, sempre encontraremos pessoas cujos comportamentos poderão causar-nos chateações, irritações, instigando, dessa forma, nosso lado mais intolerante.
Ademais, a vida também nos impõe competir, em várias situações, principalmente para a aquisição dos meios de subsistência. Embora conscientes de que competir é atividade natural, faz-se necessário competir com solidariedade, valorizando a necessidade do outro.
Em todas essas situações, portanto, tenhamos cuidado com as próprias reações, a fim de não envolvermo-nos em situações de difícil solução. Exercitemo-nos na conquista do bom senso, da serenidade e da prudência, para não sintonizarmos com vibrações desequilibrantes. E se for necessária alguma contestação de nossa parte, que façamo-la sem o sentimento de vingança, mas apenas com o intuito de resgatar nossa dignidade.
Entretanto, se o fato for muito forte para nossa sensibilidade, afastemo-nos, física e mentalmente, buscando os ensinos de Jesus e o amparo de que necessitamos. O agressor é sempre alguém inconsequente, perturbado em si mesmo, e quem responde à agressividade com a mesma moeda, acaba por perder também o próprio eixo.
Seja qual for a perturbação que esteja se formando a nossa volta, mantenhamo-nos em paz. Se obtivermos êxito, sairemos ilesos da doentia energia alheia. Dessa forma, imprescindível se torna o aconselhamento do espírito Joannes:
Ore, policie-se, fale e aja da melhor forma, para que, em pleno incêndio moral no mundo, você se mantenha resguardado pela redoma de paz que vem construindo com seus esforços para uma abençoada passagem planetária. [10]
Nada consegue recompensar a alegria e a paz íntima que sentimos cada vez que conseguimos dominar o próprio íntimo, demonstrando superioridade espiritual pela capacidade de não cedermos às ocorrências de conflito, sejam elas quais forem. Oxalá as palavras do espírito Lacordaire, constantes da obra O Evangelho segundo o Espiritismo, também possam ser as nossas:
Quando vos atinge um motivo de inquietação ou de contrariedade, esforçai-vos por superá-lo, e quando chegardes a dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei-vos com justa satisfação: “Eu fui o mais forte.” [11]
CONVITE À JOVIALIDADE
“Se sabeis estas cousas, bem-aventurados sois se as praticardes.” (João: 13-17)
A palavra áspera aqui e o conceito azedo ali consubstanciam a aura do desagrado.
O cenho carrancudo em regime de continuidade, deformando a aparência da face, materializa a expressão do tormento íntimo.
A habitual constrição facial, exteriorizando desagrado, produz a possibilidade negativa do intercâmbio fraterno...
Eles passam, os atormentados de toda característica, assinalados pelas marcas fundas dos dramas que ressumam dos painéis perispirituais, gerando deformidades que exteriorizam, desagradáveis.
Indispensável cultivar a jovialidade em qualquer esfera de ação mormente nas tarefas do Cristianismo Redivivo.
Movimentar o bem como quem suporta pesado fardo, significa desfigurar o próprio bem.
Ensinar alegria e confiança entre asperezas, carrancas e severidade para com os outros e sistemática de antipatia representa enunciar palavras belas e viver paisagens sombrias.
Como um semblante vulgarizado por um sorriso de idiotia representa um espírito agrilhoado à expiação, a dureza da face, o verbo cortante constituem as armas de insidiosa enfermidade espiritual.
Jovialidade, portanto.
Um espírito agradável a reproduzir-se numa face amena, não obstante as sombras e as lágrimas que, por vezes, expressam os impositivos da evolução pela dor, gerando simpatia e afabilidade.
Cismando, porém, ameno, carregando a Cruz, todavia, tranquilo, azorragado e humilhado até à extrema e mísera posição, Jesus manteve o alto padrão da jovialidade, em tal monta que mesmo em agonia amenizou as circunstâncias que exornavam a tarde de hediondez para cantar esperanças aos acompanhantes infelizes, acenando-lhes com a promessa do Paraíso, e bordando-lhes a noite pesada em que padeciam intimamente com as estrelas excelsas da paz ditosa. [12]
Silvia Helena Visnadi Pessenda
REFERÊNCIAS
[1] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). Diretrizes para o êxito. 2. ed. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 2004. Cap. 32. p. 141-145.
[2] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Caminho, Verdade e Vida. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. 30.
[3] KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 9. ed. Araras, SP: IDE, 1991. Cap. 7. p. 79.
[4] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. 9. Item 9. p. 129.
[5] BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
[6] KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 9. ed. Araras, SP: IDE, 1991. Cap. 7. p. 79.
[7] JOANES (espírito); TEIXEIRA, José Raul (psicografado por). Para uso diário. 2. ed. Niterói, RJ: Fráter, 2000. Cap. 13.
[8] BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2003.
[9] BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
[10] JOANES (espírito); TEIXEIRA, José Raul (psicografado por). Para uso diário. 2. ed. Niterói, RJ: Fráter, 2000. Cap. 14.
[11] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. 5. Item 18. p. 82
[12 ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). Convites da vida. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada. Cap. 29.
BRÓLIO, Roberto. Doenças da alma. 6. Ed. São Paulo: Editora Jornalística Fé, 1997.