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“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”

(Mateus 7:21)

Amizade

 

 

A amizade nos estimula ao crescimento moral e espiritual? Existem diferentes tipos de amizades? Que hábitos podem ser desenvolvidos para a manutenção do relacionamento amigo? Quais as características da genuína amizade? Os verdadeiros amigos são aqueles que nos rodeiam pelo que temos ou pelo que somos?

 

 

“O ser humano é essencialmente sociável, encontrando, nos relacionamentos proporcionados pela amizade, estímulos para crescer moral e espiritualmente.

 

Sem dúvida, a amizade é portadora do calor necessário para fazer germinar os sentimentos que se encontram adormecidos no imo do ser, ao tempo em que se irradia com energias benéficas em favor daquele com o qual se relaciona.

 

A amizade independe dos interesses mesquinhos, do dar para receber, porquanto, o ato de estima sintetiza os dois fenômenos pelo produzir de satisfações confortadoras.

 

(...) A amizade é tão valiosa, que o som de uma voz amiga e conhecida produz o sorriso de alegria em quem o escuta.

 

A lembrança de um ato propiciado por um amigo gera satisfação e a perspectiva de um novo encontro desenvolve expectativa agradável.

Quando não se frui dessas satisfações, dificilmente encontra-se felicidade durante a existência terrena, sofrendo-se isolamento e angústia.

 

Estatísticas valiosas asseveram que as pessoas solitárias têm a probabilidade de desencarnar em muito menos tempo do que aquelas que experienciam convivências e relacionamentos afetivos.

 

(...) A amizade prolonga a existência física e embeleza as emoções.

(...) Amigos são bênçãos que devem ser cultivadas com carinho, respeito e consideração.” [1]

 

 

 

No capítulo 7, da segunda parte de O Livro dos Espíritos, intitulado “Lei de Sociedade”, Allan Kardec, por meio das respostas dos Espíritos às suas várias questões, discorre sobre a necessidade da vida social. Assim, Deus fez os seres humanos para viverem em sociedade, a fim de aprenderem o auxílio recíproco, sobretudo porque indivíduo algum possui todas as faculdades de maneira completa. Na questão 768, ao ponderar que a realização de uma pessoa, em determinada área, complementa a dificuldade de outra e vice-versa, o Codificador anota:

 

Pela união social, eles se completam uns pelos outros para assegurar seu bem-estar e progredir. Por isso, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade e não isolados. [2]

 

Podemos afirmar que o cultivo da amizade [“sentimento de grande afeição, de simpatia (por alguém não necessariamente unido por parentesco ou relacionamento sexual)”] [3] atende plenamente aos dois objetivos elencados por Kardec, o bem-estar e o progresso individual, porque o convívio com pessoas amigas preenche nossa fatal necessidade de intercâmbio afetivo, bem como possibilita formas de crescimento pessoal que talvez não possam ser encontradas em outros tipos de relacionamento.

 

A falta de amigos não consegue ser preenchida pelo dinheiro, poder ou sucesso. Todos, indistintamente, necessitam da convivência com seus afins, os quais não são comprados, mas conquistados, cultivados. No mundo biológico, os animais se agrupam pela necessidade instintiva de sobrevivência. Na espécie humana, as amizades surgem por necessidades mais íntimas, como, por exemplo, a tentativa de superar a solidão.

 

Algumas das categorias de amizade são:

 

- amigos por conveniência – ocorre entre os indivíduos que, rotineiramente, trocam pequenos favores: vizinhos, colegas de trabalho, participantes de um grupo em comum;

 

- amigos de interesses pessoais – acontece entre aqueles que mantêm atividades semelhantes: companheiros do esporte, do estudo, do trabalho social;

 

- amigos históricos – refere-se a pessoas que desfrutaram de um relacionamento mais intenso na infância ou na adolescência. Os anos passaram, cada um seguiu o seu caminho, mas o contato, ainda que esporádico, permaneceu;

 

- amigos de gerações diferentes – quando o mais jovem dá ânimo ao mais velho, e este, por sua vez, orienta aquele com sua experiência de vida;

 

- amigos íntimos – entre aqueles que, emocional e fisicamente (encontrando-se, correspondendo-se, conversando ao telefone) cultivam uma relação de profunda intimidade, revelando, uns aos outros, muitos de seus mais secretos pensamentos e sentimentos, bem como dificuldades, desejos, temores...

 

Todavia, temos a tendência de alimentar uma percepção fantasiosa da amizade quando acreditamos, por exemplo, que amigos verdadeiros somente são aqueles em quem podemos depositar nossa absoluta confiança e que, por isso, jamais nos magoarão. Se esperamos, porém, conviver com alguém que tenha atingido tal superioridade no comportamento, poderemos ficar na solidão, porque, dificilmente, um indivíduo conseguirá corresponder a tão utópica expectativa. Será que uma possível dificuldade em conseguir amigos não tem por causa nosso perfeccionismo? Se nos sentimos, então, em condições de oferecer uma amizade tão isenta de percalços, idêntica a que exigimos dos outros, relevar as eventuais falhas alheias torna-se imprescindível, pois, até as mais puras amizades podem ser influenciadas por nossas imperfeições. Aquele que mais sabe deve ser o que mais ensina. Aliás, esta foi umas das lições de Jesus: “quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo.” (Mt 20:26-27) [4]

 

Quanto à importância de sabermos compreender um eventual mal momento alheio, Carlos Torres Pastorino aconselha:

 

Não se aborreça com seu amigo, só porque ele está mal humorado.

Saiba desculpar.

Quantas vezes também você está irritado, e responde mal a seus amigos... e  no entanto gosta que eles o desculpem.

Você não sabe o que lhe aconteceu, desconhece seus problemas íntimos... desculpe, então!

Não leve a mal, releve, e continue a querer-lhe bem.

É a melhor maneira de mostrar sua amizade e compreensão. [5]

 

O efeito do cultivo da amizade é a paz e a harmonia na convivência. Isso não significa a ausência de momentos de dificuldades e desprazer. O que ocorre é que, no verdadeiro relacionamento amigo, os momentos de desencontros sempre são superados pela grandeza de sentimentos e de propósitos que um indivíduo nutre em relação ao outro. Nesse sentido, o espírito Cairbar Schutel pondera sobre a importância de compreendermos no que consiste a amizade real, que, como tudo na vida, não nasce pronta; ao contrário, necessita de cuidados e atenções:

 

Ser amigo é uma arte. Saber ser amigo é um dom. Por que o homem não medita o quão amigo é, ou poderia ser, do seu semelhante? Entender o que é e o que significa amizade é um bom passo na solução dos problemas cotidianos que o cercam. [6]

 

****

 

 

Ah! Mistérios da alma! Mudam-se as roupagens terrenas, as experiências, as situações, as posições através das reencarnações, mas os corações sempre se reconhecem. [7]

 

 

 

Perante certas circunstâncias, um amigo é tudo o que mais precisamos, porque sua presença, seus conselhos e seu amparo auxiliam-nos na suavização dos obstáculos, no entendimento e enfrentamento dos percalços.  No entanto, muitas são as pessoas que querem ter amigos, mas não sabem como conquistá-los e nem como cultivá-los.

 

Não tem como sair pelo mundo à procura de amizade, pois ela é algo que acontece naturalmente. Mas, o exercício de bons hábitos ajuda, consideravelmente, na superação de algumas dificuldades nessa área, porque fazer e manter amigos trata-se de uma importante aptidão do ponto de vista do crescimento espiritual.

Algumas dessas práticas são:

 

 

– Saber ouvir para melhor compreender

 

Ressaltando o quanto um diálogo com os amigos pode nos ajudar no alívio da sensação de solidão ou desamparo, o espírito Joanna de Angelis argumenta:

 

A vida solitária constitui terrível carga para o organismo físico, emocional e mental, gerando desconforto e estresse, em razão dos conflitos que se estabelecem no íntimo e da impossibilidade de reparti-los com outrem em conversações edificantes. Não se trata de transferi-los ao próximo, porém, de realizar-se uma catarse positiva, trabalhando as faces nebulosas do sofrimento e encontrando caminhos ocultos para a sua liberação.

 

Quando se confia em alguém, torna-se mais fácil enfrentar dificuldades, confiando que sempre terá companhia e refúgio emocional na amizade, quando os problemas se tornarem mais graves ou mesmo sem eles.

 

Tendo-se com quem conversar, discutir problemas, comentar desafios e dores, embora permaneçam não resolvidos, outras são as condições emocionais para os solucionar, em face do aquecimento moral que vem do outro.  [1]

 

Saber que alguém nos conhece profundamente e que, por isso, melhor nos compreende, nos traz a certeza de que não estamos sozinhos. E o que mais desejamos de um amigo, sobretudo perante certas situações, é que nos ouça com generosidade e que seja empático com os nossos sentimentos.

 

Dessa forma, ser amigo implica, na respeitosa capacidade de ouvir, na generosa compreensão dos sentimentos alheios e na disposição de compartilhar da dor do outro, ajudando-o a suportá-la, quando preciso. Adenáuer Novaes ressalta a importância da empatia, assim argumentando:

 

Para ampliarmos nossas relações é preciso que aprendamos a ouvir com empatia, legitimando os sentimentos das pessoas. Na medida do possível ajudando-as a encontrar as palavras para identificar e verbalizar a emoção que estão sentindo.

(...) É preciso agir com empatia, o que traz uma compreensão melhor a respeito dos sentimentos dos outros, pois ela é a base da liderança competente; lidar com pessoas exige: capacidade de ouvir, vontade de ver as coisas pela ótica do outro e generosidade. Para melhor nos sociabilizarmos devemos aprender a dar valor aos sentimentos que estão por trás dos comportamentos, possibilitando uma maior facilidade de fazer amigos. [8]

 

 

– Respeito às diferenças

 

Para se viver uma amizade real, não é preciso que os envolvidos tenham os mesmos interesses, objetivos, convicções, modo de entender a vida... Ao contrário, o amigo aprende a conviver com as peculiaridades do outro, respeitando-o pelo o que ele é.

 

Ser amigo não é elogiar sem propósito, pois na amizade não é preciso comprar afeição. Mas, se um tiver de se contrapor ao outro, saberá fazê-lo de forma afetuosa e sincera, porque certos desenganos e dificuldades devem ser pontuados com o intuito de auxiliar o crescimento pessoal do companheiro e do próprio relacionamento. Obviamente que ninguém se colocará como melhor ou mais importante do que o outro, pois tal postura, quando adotada, provoca o enfraquecimento de qualquer relacionamento saudável.

 

Amigos alargam nossos horizontes. Servem como novos modelos com os quais podemos nos identificar. Permitem que sejamos nós mesmos – e nos aceitam como somos. Intensificam nossa autoestima, porque acham que somos “legais”, porque somos importantes para eles. E porque são importantes para nós – por várias razões, em vários níveis de intensidade – enriquecem nossa vida emocional. [9]

 

Augusto Cury, ao abordar sobre a incondicionalidade da verdadeira amizade, cita como exemplo o comportamento de Jesus:

 

Nas sociedades modernas, fazer amigo está virando artigo de luxo. O ser humano perdeu o apreço por uma relação horizontal equidistante. Ele gosta de anular o outro e de que o mundo fique aos seus pés. Mas Cristo, nos últimos dias da sua trajetória nesta terra, expressou que queria muito mais do que admiradores, queria amigos. Não há relação mais nobre do que ser e ter amigos. Os amigos se mesclam, confiam mutuamente, desfrutam do prazer juntos, segredam coisas íntimas, torcem uns pelos outros. Os amigos não anulam um ao outro, mas se completam.

(...) Certa vez, Cristo disse que muitos o honravam com a boca, mas tinham o coração longe dele (Mt 15:8). Parecia dizer que toda aquela forma distante de honrá-lo, de adorá-lo e supervalorizá-lo não o agradava, pois não era íntima e aberta.

(...) João, o discípulo, foi um amigo íntimo do Cristo. Ele teve o prazer e o aconchego de sua amizade. O desejo do mestre o marcou tanto que, mesmo quando velho, ele não esqueceu de registrar em seu Evangelho os três momentos em que Cristo chama seus discípulos de amigos (Jo 15:13, 15:14, 15:15). Muitos dos que o seguiram ao longo das gerações não enxergaram essa característica. Eles não compreenderam que Cristo procurava mais do que servos, mais do que admiradores, mais do que homens prostrados aos seus pés, mas amigos que amassem a vida e se relacionam intimamente com ele. [10]

 

 

– Desapego nas atitudes

 

Amigos se relacionam de maneira natural. Mas, se passarem a alimentar mútuas expectativas, obviamente que a naturalidade deixará de existir entre eles, porque cada um esperará que o outro atenda a muitos de seus desejos e necessidades. Entretanto, ninguém é capaz de gratificar todos os anseios de outra pessoa. E quando cobramos esse atendimento, estamos, em essência, tentando controlar o comportamento do outro para chegarmos aos resultados desejados.

 

Para que o relacionamento não seja caracterizado pela possessividade, como espíritas, precisamos estudar-nos no sentido de perceber até que ponto nossa amizade interfere nos direitos alheios. Não podemos nos permitir uma convivência desrespeitosa; não temos o direito de exigir a estima de pessoa alguma. Ademais, a amizade sem apego é a melhor condição de aprendermos a amar sem exigências.

 

Na realidade, a genuína amizade caracteriza-se pelo desinteresse pessoal e pela livre iniciativa, porque o verdadeiro amigo, na sua sinceridade e solidariedade, está sempre disposto a trabalhar em favor do companheiro sem esperar por compensações ou recompensas.

 

Há muitos amigos que nos estimam, e quando desaparecem da nossa presença, talvez não seja por ingratidão ou indiferença, mas a distância deve-se a dificuldades que desconhecemos, a compromissos novos ou porque encontram-se enfermos. Diante disso, devemos nos informar sobre a situação deles, quando lhes notamos a ausência, ao invés de nos envolvermos em sentimentos de menosprezo ou solidão.

 

A amizade, no enfoque espírita, não consiste tão-somente numa afeição autêntica, mas também numa síntese da caridade, conforme o espírito Emmanuel:

 

Caridade é, sobretudo, amizade.

Para o triste – é a palavra consoladora.

Para o mau – é a paciência com que nos compete ajudá-lo.

Para o desesperado – é o auxílio do coração.

Para o ignorante – é o ensino despretensioso.

Para o ingrato – é o esquecimento.

Para o enfermo – é a visita pessoal.

Para o estudante – é o concurso do aprendizado.

Para a criança – é a proteção construtiva.

Para o velho – é o braço irmão.

Para o inimigo – é o silêncio.

Para o amigo – é o estímulo.

Para o transviado – é o entendimento.

Para o colérico – é a calma.

Para o impulsivo – é a serenidade.

Para o leviano – é a tolerância.

Para o maledicente – é o comentário bondoso.

Para o deserdado da Terra – é a expressão de carinho. [11]

 

A partir desse entendimento, temos na amizade um sentido superior, calcado na mais pura solidariedade, de tal modo que o amigo representa aquela pessoa com a qual se pode contar como mão amiga nos momentos difíceis, sem qualquer risco de desconfiança ou de interesses outros. Amigo é o companheiro de jornada evolutiva (encarnado ou desencarnado) capaz de contribuir, desinteressadamente, para a felicidade do outro, obviamente no que diz respeito aos valores reais, não aos transitórios. Segundo Jesus, “ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15:13) [4]

 

Helen Keller (1880-1968), escritora, conferencista e ativista social americana, que ficou cega e surda desde tenra idade, provando, porém, que deficiências sensoriais não impedem a obtenção de sucesso, teria assim se expressado: “Meus amigos fizeram a história de minha vida. De mil maneiras transformaram minhas limitações em formosos privilégios e me permitiram caminhar serena e feliz na penumbra de minha privação.”

 

 

– Lealdade

 

Por nos inspirarem grande confiança e segurança, determinadas pessoas nos tocam de uma maneira muito especial. Possuem características em seu caráter que admiramos e que desejamos acrescentar à nossa vida. Se quisermos, portanto, mantê-las junto de nós, imprescindível, de nossa parte, a irrestrita honestidade em nossos pensamentos, palavras e atitudes.

 

O rompimento de uma amizade pode ser um dos eventos mais dolorosos, mas, frequentemente, muitas delas terminam pelo fato de um dos amigos ter traído a confiança do outro. Mas quando somos amigos de verdade, não falseamos nossos sentimentos, não deixamos de ser éticos principalmente para quem nos tem em tão alta conta. Joanna de Ângelis alerta:

 

Em qualquer relacionamento em que te encontres, cuida de ser leal e honesto, não te utilizando de recursos desprezíveis, mesmo que objetivem resultados que supões serem construtivos. O erro, a intenção malévola não podem contribuir de maneira saudável, por que as suas são estruturas deficientes e enfermiças. O mal jamais operará em favor do bem, porque a sua é uma contribuição destrutiva. [1]

 

 

– Saber apreciar os momentos felizes do outro

 

O indivíduo amigo sabe se alegrar com a felicidade alheia, mesmo que não obtenha vantagens na situação. Desse modo, o teste mais difícil da amizade consiste em ficar, sincera e completamente, ao lado dos companheiros em seus momentos de êxito, porque, em virtude de nosso grau evolutivo, ainda podemos alimentar, mesmo que inconscientemente, eventuais sentimentos de inveja e de competição em relação a eles. Segundo Judith Viorst, “amor e competição, amor e inveja podem coexistir entre os melhores amigos”. [9]

 

Os verdadeiros amigos não são aqueles que nos rodeiam pelo que temos, mas os que nos valorizam pelo que somos. Imprescindível, portanto, atentarmos para as nossas reações perante os momentos felizes de nossos afins, de modo a exercitarmos os melhores votos pelo seu sucesso e ventura.

 

 

 

O Amor pergunta à Amizade:

– Para que tu Serves?

E a Amizade responde:

– Sirvo para enxugar as lágrimas que tu deixas cair.” [12]

 

 

 

 

Perante os amigos

 

O amigo é uma bênção que nos cabe cultivar no clima da gratidão.

 

Quem diz que ama e não procura compreender e nem auxiliar, nem amparar e nem servir, não saiu de si mesmo ao encontro do amor em alguém.

 

A amizade verdadeira não é cega, mas se enxerga defeitos nos corações amigos, sabe amá-los e entendê-los mesmo assim.

 

Teremos vencido o egoísmo em nós nos decidirmos a ajudar aos entes amados a realizarem a felicidade própria, tal qual entendem eles deva ser a felicidade que procuram, sem cogitar de nossa própria felicidade.

 

Em geral, pensamos que os nossos amigos pensam como pensamos, no entanto, precisamos reconhecer que os pensamentos deles são criações originais deles próprios.

 

A ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.

 

Assim como espero que os amigos me aceitem como sou, devo, de minha parte, aceitá-los como são.

 

Toda vez que buscamos desacreditar esse ou aquele amigo, depois de havermos trocado convivência e intimidade, estaremos desmoralizando a nós mesmos.

 

Em qualquer dificuldade com as relações afetivas é preciso lembrar que toda criatura humana é um ser inteligente em transformação incessante, e, por vezes, a mudança das pessoas que amamos não se verifica na direção de nossas próprias escolhas.

 

Quanto mais amizade você der, mais amizade receberá.

 

Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, imaginemos com que imenso amor nos compete amar aqueles que nos oferecem o coração. [13]

 

 

 

Silvia Helena Visnadi Pessenda

sivipessenda@uol.com.br  

 

 

REFERÊNCIAS

 

[1] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). Jesus e vida. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 2007. Cap. “Amizadeterapia”.

 

[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 100. ed. Araras, SP: IDE, 1996.

 

[3] Grande Dicionário Houaiss Beta da língua portuguesa. Disponível em: <http://houaiss.uol.com.br/busca?palavra=amizade>. Acesso em: 11.02.2013.

 

[4] BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

 

[5] PASTORINO, Carlos Torres. Minutos de sabedoria. 41. ed. Petrópolis: Editora Vozes. Mensagem 228.

 

[6] SCHUTEL, Cairbar (espírito); GLASER, Abel (psicografado por). Fundamentos da reforma íntima. 3. ed. Matão: Casa Editora O Clarim, 2000. Cap. 12.

 

[7] ANDRÉ (espírito); Wetzstein, Mauren R. M. (psicografado por). Nos campos da França. 2. ed. Matão, SP: Casa Editora O Clarim, 2003. Cap. 1. p. 21.

 

[8] NOVAES, Adenáuer. Psicologia do Evangelho. 2. ed. Salvador, BA: Fundação Lar Harmonia, 2001. Cap. “Inteligência emocional”.

 

[9] VIORST, Judith. Perdas Necessárias. 28. ed. São Paulo: Editora Melhoramentos Ltda,  2004. Cap. 12. (literatura não-espírita)

 

[10] CURY, Augusto Jorge. O Mestre dos Mestres: análise da inteligência de Cristo. 55. ed. São Paulo: Academia de Inteligência, 1999. Cap. 10. (literatura não-espírita)

 

[11] TAVARES, Clóvis. Amor e sabedoria de Emmanuel. 10. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. 11, da segunda parte.

 

[12] DELFOS: Revista Literária Espírita. Catanduva, SP: Boa Nova Editora. Ano VII. Edição 3. nº 27. p. 7.

 

[13] ANDRÉ LUIZ (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Sinal verde. 37. ed. Uberaba, MG: Comunhão espírita cristã, 1995. Cap. 12.

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